26 de março de 2007

Brincando de Estrela-do-Mar

Homens broxam, é verdade. Às vezes é porque o cara comeu ou bebeu demais. Às vezes nervosismo ou stress. Até impotência mesmo. Mas eles também broxam por causa das Estrelas-do-Mar.

Sim, aquele tipo de mulher que deita na cama, abre as pernas, os braços e fica lá, paradona como uma Estrela-do-mar.

O cara está lá se esforçando para dar umazinha (homens nesse ponto sempre estão tentando), depois de 15 minutos de amassos (dele) as mãos dela continua paradas, o cara consegue tirar a blusa dela. Mais alguns minutos (segundos na verdade), vai também à calça, o sutiã e a calcinha. Daí é que o cara se dá conta, que ele ainda está vestido. Nem o cinto foi desafivelado. O cara é brasileiro e não desiste nunca (esse é outro ponto que os homens não desistem nunca), então ele próprio faz o serviço. Se despe sozinho - se for consciente lembra de tirar as meias - e ela lá paradona, deitada na cama, esperando a maré, no caso o mané.

Mais uns beijinhos e a mulher deitada brincando de estrela-do-Mar à espera da maré para ver se ela vai para esquerda ou para direita.


Chega o momento crucial: A camisinha! A bendita camisinha, o agente broxante número 1 do mercado. É nessa hora que o homem mais precisa de estímulo, ou pelo menos precisa estar estimulado.

Para tudo.

Levanta. Procura a camisinha na gaveta ou bolso. Abre a embalagem, que nem sempre facilita. Abre o pacote, prepara, aponta e: Broxa!

Broxou não tem mais volta. Mesmo que depois o cara se redima, o estigma da broxada está lá, com direito as sábias palavras femininas: “Isso acontece com qualquer homem”.

Numa hora dessas, a resposta deveria ser:
“Se você já tem experiência com isso, de quem é a culpa?”

No mar cheio de peixes não tem jeito, uma hora vem na rede uma estrela-do-mar. Mas para quem sabe cozinhar, mesmo as iguarias mais difíceis podem se tornar pratos deliciosos.

20 de março de 2007

Destino: Viagem

Primeira Marcha.

Toda viagem começa com um destino final. No carro a 120 km/h descobre-se que certas músicas só deveriam ser tocadas na estrada. Serem a trilha sonora da vida. Vida que pulsa colorida do lado de fora dos vidros escuros e fechados no ar condicionado.

Segunda Marcha.

O mundo ao redor muda cada vez mais rápido. Muda-se de Brasil a cada quilômetro. Cidades cruzam rodovias: três casas de cada lado da estrada, o bar da esquina e uma oficina mecânica que conserta tudo. Mais nada. No batente da estrada aonde o tempo não chegou, pessoas sentadas na porta vêem os caminhões passar correndo com os últimos lançamentos tecnológicos, tentando chegar ao o seu destino antes de tudo fique obsoleto. Mas ali, onde som surround é a apenas escapamento de caminhão, iPods e MP3s não são parte integrantes da vida. Ali o tempo não tem pressa. Ali a vida nunca fica obsoleta.

Terceira Marcha.

A noite uma estrela diferente brilha na estrada. Uma estrela de luz avermelhada guia os caminhos solitários dos homens confinados na boléia, que apesar de terem a sorte de conhecer o mundo sem sair de casa, é no abraço quente de uma que eles se sentem em casa.

Quarta Marcha.

O dia amanhece depois de quilômetros sem casa, povoados ou cidades. Mas como frutas em árvores, pessoas brotam na estrada. Vagando sem rumo aparente vindo de uma cidade chamada Lugar Nenhum. Aparecem caminhando diante do pára-brisa e somem do retrovisor no mesmo passo determinado. Para elas o caminho é mais demorado, mas o tempo, mais generoso.

Quinta marcha.

E mais um mosquito desavisado é atropelado ao atravessar a estrada sem olhar para o lado. A água no vidro e o limpador de pára-brisa apenas limpam a visão porque a viagem é a meta, o destino apenas à chegada.

Na estrada da vida não existe marcha a ré.

5 de março de 2007

O Eu de Cada Dia

Ontem fez exatamente 1 ano que eu fui.

Fui viver um pouco mais do que eu tinha vivido até aquele ano.

Fui porque a única certeza é que morremos só uma vez.

Fui porque sei que podemos viver várias vidas vivendo uma só.

Fui porque cansei de esperar a vida.

Fui porque quis fazer parte da vida.

Fui fazer um sonho a menos.
Fui fazer de um sonho realização. Fui construir sonhos a mais.

Fui conhecer novas pessoas, novos países.

Conheci Eu.

Um novo Eu.

Diferente daquele Eu que ficou há exato um ano.


Hoje penso que o Eu de ontem deveria ter deixado uma carta para o Eu de hoje: Repleta de perguntas e expectativas. Sonhos e desejos. O que você vai fazer? O que você vai conhecer? Quem você vai ser?

Hoje Eu abriria está carta e não teria metade dessas respostas, porque o Eu de hoje não sabe o que o Eu de amanhã vai fazer.

Tenho pena do Eu que não foi.

Mas tenho muito orgulho do Eu que voltou.

E torço muito pelo Eu que vai.

Porque eu sei que Eu vou e nunca vou voltar.