1 de julho de 2010

O Pecado que move o mundo


A vaidade já não pertence a Narciso, que se afundou no rio em busca da sua beleza. Cristiano Ronaldo afundou todo um país ao se preocupar mais em se olhar no telão do que orgulhar seu povo com a técnica do melhor futebolista do mundo, ora pois. Mas se ele se olhou tanto é porque o mostraram, e muito. A prova de que a vaidade move o mundo. Depois, vem à indústria farmacêutica e finalmente a indústria farmacêutica aliada a vaidade.
A vaidade abastece o consumismo. Nenhuma mulher precisa de uma Vitor Hugo, para carregar batons, agenda e chaves. Um Rolex marca as mesmas horas que um convencional relógio de cordas. E qual o sentido de um carro vermelho, com um cavalo rampante no capô para chegar à balada, se o trânsito vai fazer com que a gasolina acabe antes da primeira arrancada?
A vaidade consumista simbiosa-se na vaidade do culto ao corpo nas academias de ginástica. As pessoas não podem simplesmente ir à academia em busca de uma vida mais saudável se não estiver usando uma camiseta Dri-fit, o Nike Shox com 113 amortecedores e o iPhone para mostrar aos amigos enquanto malha. Nem os corredores ao ar livre escapam dos caprichos da vaidade. Neste caso iPod tem que ser shuffle, o tênis Asics ou Mizuno ou fora. Depois barrinha de cereal para o jantar, porque a barriga tem que estar trincada, nem que esteja trincando de fome. É saúde em segundo lugar.
 É lógico que tem pessoas que se dão ao luxo de serem mais vaidosas porque a genética ajuda e já nascem bonitas. Mas e os feios e gordos? Esses procuram ficar ainda mais feios. Pintam o cabelo de cores de combinações duvidosas, perfuram a cara com mais pierciengs e brincos que os poros podem suportar e usam roupas 2 números menor, não importando se irá parecer um lápis embrulhado ou um colchão amarrado pelo meio. Portanto, acreditam, que deixaram de ser feios e tornaram-se autênticos. Julgam-se a-vaidosos e criticam quem é. Ironia?
Para solucionar essa falta de vaidade, quer dizer, auto-estima ou aumentá-la temos a indústria farmacêutica trabalhando nisso 24 horas. Começa com suplementos alimentares, para os marombados, botox pros preocupados e cirurgias plásticas para os mais abastados. Até o Viagra já deixou de ser remédio para impotência e tornou-se turbo para o senhor de 60 impressionar (e se) seu novo brinquedinho de 20 e poucos. E creme antiidade já é tão importante quanto escovar os dentes antes de dormir.
É lógico que cuidar do corpo é saudável e prolonga a vida. E o a indústria farmacêutica quer? Que as pessoas morram cedo? Não! Quer que fiquem doentes e se curem e usem mais medicamentos para que se mantenham aparentemente jovens e vivam mais. Não melhor, mais. Viver mais é consumir mais. Algumas pessoas, até conseguem abandonar a vaidade em determinada idade em prol do conforto, mas os medicamentos continuarão no armário atrás do espelho.
A Vaidade, como já disse Al Pacino, personificado de diabo, é o meu pecado preferido.

Texto feito para o Sarau oferecedio pela minha companheira do B_Arco de Segunda Giovanna Villela sobre o tema Vaidade.

2 comentários:

Giovanna Vilela disse...

Boa Matheus. Ficou melhor ainda na sua voz no dia do sarau! beijos

Nina Maniçoba Ferraz disse...

Adorei! E esse filme com Al Pacino e Keanu Reeves é ótimo!!! beijos