5 de dezembro de 2005

O carteiro e histórias perdidas.

Certa vez presenciei um assalto.

Dois motoqueiros roubaram um carteiro que fazia tranquilamente o seu serviço.
A catarse que nos atinge todos os dias e o trânsito não me permitiram fazer nada. Como um rato que rouba um pedaço de queijo, os Motoqueiros sumiram esgueirando-se no trânsito.

Naquele momento, reflexões começaram a fluir pela minha cabeça.

Quem sabe na sacola do carteiro estava a carta de um filho para uma mãe aflita. A carta apenas dizia: Estou bem mãe. E naquela noite uma mulher não dormiu.

A carta de um amigo para outro se perdeu. Assim como os endereços e a amizade também.

Contas foram embora nas costas de um motoquerio, até seria bom se elas fossem perdoadas, mas o perdão vem em forma de juros e multas de atraso.

A padaria da esquina teve a luz cortada, tudo culpa de de uma conta roubada não paga. Roubada também foi a sua clientela que comprou os pãezinhos quentinhos na concorrente em frente.

Crianças comemoraram. Sem chuveiro quentinho nada de banho. Mas também choraram por não poder asistir a televisão.

Malas diretas, ficaram indiretas. Perdidas em alguma vala da cidade, esperando alguém que as encontrasse.

Ligou, não pagou, a companhia telefônica cortou. O telefone não tocou e a resposta da entervista de emprego, não chegou. Sorte de outro, que era a segunda opção e ganhou um emprego.

Namorados brigaram, por um celular cortado não antedido bem no dia de uma festa. Encontros deixaram de ser marcados. A ligação do dia seguinte não veio.

Os cartões de crédito não chegaram e compras não foram feitas.
Cartões de crédito foram clonados e compras foram feitas.
Perdas finceiras, danos morais.

Notícias importantes não foram dadas. Nascimentos e perdas. Multas de trânsito não tiveram chance de serem recorridas. Histórias roubadas de vidas ao acaso.

Mas a vida continou.

O carteiro escapou da morte, descobriu que o seu emprego já não era tão tranquilo e que sua história acabará de ganhar novos capítulos.

Os ladrões, que procuravam cheques e cartões de crédito, não se deram conta de quantas histórias jogaram em uma sarjeta qualquer e seguirem em frente no trânsito até um policial ou outro bândido roubar-lhes a vida.

Quanto a mim?

Mudei a marcha e segui em frente.

6 comentários:

Anônimo disse...

Enquanto isso, o Reginaldo canta:

Saiba que o meu grande amor hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar
Deixou em pedaços meu coração

E pra matar a tristeza...

Anônimo disse...

Quem ta fazendo freela pra você? Só não falo que ficou muito bom porque você é baiano, rechonchudo e publicitário. Portanto a chance do ego inflar e do nariz empinar é altíssima.

Amplexos,

Seu Dupla.

Anônimo disse...

Já falei q eu adoro oq vc escreve??? Já falei q vc escreve muuuuuito bem???
Se não falei, tá falado!!!
Te amo muitão bastantão!

Anônimo disse...

ameeeiii! x)
vou mandar seu e-mail viu??
calma x)
queria um poco de sua criatividade que tal? :p
bjoooss te amoo

Anônimo disse...

Viver é tropeçar.
Andar pela calçada e encontrar uma carta perdida que ninguém leu. Lidar com o vazio de uma vida que não é a sua, porque a nossa também é vazia para outrem.

Bjao e desculpa o desencontro.
Essa quinta poderia rolar um REi das BAtidas após às 21h, né? Reencontrar os amigos é bom tb.

Anônimo disse...

Realmente você é muito bom, vi o link pela ligamagic.com, e como adoro crônicas não resisti, li todas que pude, pena que não sei escrever tão bem quanto você, mas parabéns pelo trabalho.

Acho que Deus num vai, por que ele não gosta de treinar.