29 de março de 2010

Textos da Série o B_Arco

O lugar era perfeito. O planejamento impecável. Todos perfilados lançavam olhares de canto uns para os outros, se preparavam, ansiosos pela autorização da largada. Faltava a ordem.

Ao sinal, saíram correndo como um bando desordenado de maratonistas, mas que logo adquire um tipo de ordem desordenada. Se atiravam contra a parede, atacando o oponente de forma a não deixar vítimas, a vitória viria a qualquer custo. A visibilidade era de dar inveja a cego e ar fresco era artigo de luxo que seus salários não permitiam comprar. A condição desumana de turnos incessantes de quase 24 por 7 parecia não influir em seu e mais um pedaço da parede se tornava pó.

Não tardou para que, o que antes sólido, tivesse a aparência de um queijo suíço, com a diferença que ali não estavam sendo feitos túneis. Para os trabalhadores não importava se passaria por ali um bando de turistas que ficariam horas em um congestionamento ou se seria uma nova linha do metro. O interesse era o final da jornada, a busca da outra extremidade, a ânsia de sair, ver a luz do sol ou sentir o frescor da noite.

Nessa busca desenfreada, uma brecha, pequena o suficiente para passar apenas uma gota d’água, foi aberta. O que era uma gota se tornou infiltração e de repente, como um gordo que pula no meio de uma piscina de plástico, água veio por todos os lados.

Alguns não perceberam e foram levados por um tsunami de água doce, outros se atropelaram correndo para chegar à entrada do túnel, a saída ainda não estava pronta. Nem os melhores nadadores escaparam.

Assim foram as chuvas em São Paulo, inundou as ruas, derrubou as árvores, levou todo o trabalho e os operários córrego abaixo.


Este texto tinha como propósito escrever um tema, sem delatar o que era. O tema era: Cupim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Foi a sua volta que me inspirou a escrever novamente. E de cara foram dois textos! Depois me conta como está o curso. Parece divertido!

Continue com suas letras!

bjks