Diferente da falta de ar que sentia na infância toda vez que via a Madalena jogando vôlei no colégio de shortinho e blusa apertada, que delineavam os seios recém desenvolvidos.
O aperto no peito muito mais forte do que quando o zagueiro do seu time foi bater o último pênalti da decisão da final do campeonato mundial.
Nem o caldo que tomou na praia de uma onda de quase 3 metros tirou tanto o seu fôlego.
Apertou muito mais sua garganta que o nó da gravata no dia do seu casamento.
Suas crises de asma não eram tão agudas.
Seu corpo balançava como um dançarino de break epilético, o rosto tão vermelho que faria uma Ferrari se esconder de vergonha e o ar ao redor insistia em não entrar em suas narinas.
Dizem que quando se está morrendo, a vida passa diante de seus olhos, porra nenhuma, a única coisa que via era a sua sombra debatendo de arrependimento.
Suas mãos agarraram a corda e o estilete que tinha no bolso cortou a corda, fazendo seu corpo cair como uma goiaba madura, quicando e rolando para o lado.
Não ter conseguido nem se matar, só aumentava a lista das suas inúmeras iniciativas e poucas terminativas, como em todas elas; criava para si mesmo outra desculpa:
- É que esse negócio de se enforcar dá uma falta de ar danada.
Mais um texto da Série o B_Arco. Tema: Enforcado agonizante.
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